Por Wilson Lima – iG Brasília
Após sofrer uma derrota histórica na disputa pelo governo do Maranhão, o clã Sarney está no divã e fala agora em se reinventar. Apesar disso, os próprios aliados sabem que a tarefa não será das mais fáceis. Além do desgaste nas urnas, faltam nomes que possam liderar uma espécie de ressurreição do grupo.
Durante as eleições deste ano, o clã Sarney perdeu não somente a disputa pelo governo do Estado como também a única vaga em disputa ao Senado. Na corrida pelo governo estadual, o candidato do grupo, Lobão Filho (PMDB), filho do ministro de Minas e Energia Edison Lobão (PMDB), perdeu em primeiro turno para o ex-presidente da Empresa Brasileira de Turismo (Embratur) Flávio Dino, por uma diferença de aproximadamente 1 milhão de votos.
Na disputa ao Senado, o candidato do clã, o ex-ministro do Turismo Gastão Vieira (PMDB), foi derrotado por Roberto Rocha (PSB). Essa foi a primeira vez na história do Maranhão que o clã Sarney deixou de eleger ao menos um senador. Na prática, os Sarney elegeram apenas duas pessoas em cargos menores: Sarney Filho (PMDB), reeleito à Câmara Federal, e Adriano Sarney (PV), neto do ex-presidente do Senado José Sarney (PMDB), eleito para a Assembleia Legislativa do Maranhão.
Agência Brasil O senador José Sarney e a governadora Roseana Sarney perderam força no Maranhão depois da abertura das urnas no dia 5 de outubro no Estado
Atualmente, os próprios aliados admitem que o clã não tem nomes para um processo de ressurgimento político. Os integrantes do clã Sarney acreditam que nem Sarney Filho, nem Adriano Sarney, nem Lobão Filho têm cacife político para liderar uma ressurreição do grupo Sarney nos próximos anos.
Uma das esperanças do grupo está calcada em um eventual retorno da governadora Roseana Sarney (PMDB) nas eleições de 2016 ou 2018. No início do ano, Roseana tinha dito a aliados que deixaria a política, mas agora ela já cogita disputar a Prefeitura de São Luís, capital do Estado, em 2016. Outra opção que começa a ser levantada por aliados do clã é que ela volte a disputar o governo do Estado em 2018.
Do outro lado, também vem sendo levantada por aliados de Roseana e até mesmo por familiares a possibilidade de ela conseguir uma vaga no Tribunal de Contas do Estado (TCE) e assim afastar-se definitivamente da política. Nessa hipótese, o grupo Sarney ficaria sem um grande nome para disputas majoritárias nos próximos anos.
Os aliados do grupo acreditam que a esperança talvez esteja não no sobrenome Sarney e sim Murad, família aliada dos Sarneys. Uma outra aposta do grupo está em Ricardo Murad, irmão de Jorge Murad, marido de Roseana Sarney. Ex-adversário do clã nos anos de 1990, Murad tem sido um dos principais defensores e um dos maiores líderes políticos da família Sarney nos últimos oito anos.
Nas últimas duas eleições, Ricardo Murad conseguiu eleger pessoas de confiança e parentes nas disputas pela Câmara Municipal de São Luís e na Assembleia Legislativa do Maranhão. Os integrantes do clã admitem que ele tem sido um cabo eleitoral mais eficiente até mesmo que a família Sarney. Em 2010, Murad conseguiu eleger um assessor político chamado Roberto Costa (PMDB); em 2012, outro assessor, Fábio Câmara (PMDB), e, em 2014, a própria filha, Andreia Murad (PMDB). Os três conseguiram ser eleitos em suas primeiras eleições. Entretanto, apesar de um capital político forte, Murad enfrenta resistência entre aliados do clã pelo seu estilo centralizador.
Por falta de nomes e de uma grande liderança, integrantes do grupo Sarney temem que o clã sofra um desfacelamento natural e morra definitivamente nos próximos anos. Na fase final da disputa pelo governo do Estado, aliados do clã Sarney deixaram o grupo e passaram a integrar a campanha de Flávio Dino. Além disso, na Assembleia Legislativa do Maranhão, deputados integrantes do clã afirmam nos bastidores que debandarão para a base de apoio a Dino.
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