Por Wilson Lima – iG Brasília
Após sofrer uma derrota histórica na
disputa pelo governo do Maranhão, o clã Sarney está no divã e fala agora
em se reinventar. Apesar disso, os próprios aliados sabem que a tarefa
não será das mais fáceis. Além do desgaste nas urnas, faltam nomes que
possam liderar uma espécie de ressurreição do grupo.
Durante as eleições deste ano, o clã
Sarney perdeu não somente a disputa pelo governo do Estado como também a
única vaga em disputa ao Senado. Na corrida pelo governo estadual, o
candidato do grupo, Lobão Filho (PMDB), filho do ministro de Minas e
Energia Edison Lobão (PMDB), perdeu em primeiro turno para o
ex-presidente da Empresa Brasileira de Turismo (Embratur) Flávio Dino,
por uma diferença de aproximadamente 1 milhão de votos.
Na disputa ao Senado, o candidato do clã,
o ex-ministro do Turismo Gastão Vieira (PMDB), foi derrotado por
Roberto Rocha (PSB). Essa foi a primeira vez na história do Maranhão que
o clã Sarney deixou de eleger ao menos um senador. Na prática, os
Sarney elegeram apenas duas pessoas em cargos menores: Sarney Filho
(PMDB), reeleito à Câmara Federal, e Adriano Sarney (PV), neto do
ex-presidente do Senado José Sarney (PMDB), eleito para a Assembleia
Legislativa do Maranhão.
Atualmente, os próprios aliados admitem
que o clã não tem nomes para um processo de ressurgimento político. Os
integrantes do clã Sarney acreditam que nem Sarney Filho, nem Adriano
Sarney, nem Lobão Filho têm cacife político para liderar uma
ressurreição do grupo Sarney nos próximos anos.
Uma das esperanças do grupo está calcada
em um eventual retorno da governadora Roseana Sarney (PMDB) nas eleições
de 2016 ou 2018. No início do ano, Roseana tinha dito a aliados que
deixaria a política, mas agora ela já cogita disputar a Prefeitura de
São Luís, capital do Estado, em 2016. Outra opção que começa a ser
levantada por aliados do clã é que ela volte a disputar o governo do
Estado em 2018.
Do outro lado, também vem sendo levantada
por aliados de Roseana e até mesmo por familiares a possibilidade de
ela conseguir uma vaga no Tribunal de Contas do Estado (TCE) e assim
afastar-se definitivamente da política. Nessa hipótese, o grupo Sarney
ficaria sem um grande nome para disputas majoritárias nos próximos anos.
Os aliados do grupo acreditam que a
esperança talvez esteja não no sobrenome Sarney e sim Murad, família
aliada dos Sarneys. Uma outra aposta do grupo está em Ricardo Murad,
irmão de Jorge Murad, marido de Roseana Sarney. Ex-adversário do clã nos
anos de 1990, Murad tem sido um dos principais defensores e um dos
maiores líderes políticos da família Sarney nos últimos oito anos.
Nas últimas duas eleições, Ricardo Murad
conseguiu eleger pessoas de confiança e parentes nas disputas pela
Câmara Municipal de São Luís e na Assembleia Legislativa do Maranhão. Os
integrantes do clã admitem que ele tem sido um cabo eleitoral mais
eficiente até mesmo que a família Sarney. Em 2010, Murad conseguiu
eleger um assessor político chamado Roberto Costa (PMDB); em 2012, outro
assessor, Fábio Câmara (PMDB), e, em 2014, a própria filha, Andreia
Murad (PMDB). Os três conseguiram ser eleitos em suas primeiras
eleições. Entretanto, apesar de um capital político forte, Murad
enfrenta resistência entre aliados do clã pelo seu estilo centralizador.
Por falta de nomes e de uma grande
liderança, integrantes do grupo Sarney temem que o clã sofra um
desfacelamento natural e morra definitivamente nos próximos anos. Na
fase final da disputa pelo governo do Estado, aliados do clã Sarney
deixaram o grupo e passaram a integrar a campanha de Flávio Dino. Além
disso, na Assembleia Legislativa do Maranhão, deputados integrantes do
clã afirmam nos bastidores que debandarão para a base de apoio a Dino.