Lobão também foi financiado por empresa incluída na ‘lista suja’ do trabalho escravo
Gigante do sucroalcooleiras doou R$ 200 mil para a campanha ao Senado do pai de Edinho. Principal doadora de Flávio Dino em 2014 também doou para Lobão em 2010
O candidato ao Governo do Maranhão pelo Clã Sarney, Edison Lobão Filho, o Edinho (PMDB), deve engolir seco todas as vezes que a revelação feita pelo ATUAL7 é repercutida em sua mídia aliada, de que seu adversário nestas eleições, o candidato pelo PCdoB, Flávio Dino, foi financiado eleitoralmente em 2010 e novamente agora, em 2014, por uma empresa escravista. Como se sabe, Edinho esquenta a cadeira do pai do Senado Federal, desde 2008, apesar de nunca ter obtido sequer o próprio voto.
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Levantamento do ATUAL7 na prestações final de contas das eleições de 2010 no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) apurou que, enquanto Dino recebia R$ 500 mil da Alcana Destilaria, pertencente ao grupo escravista Infinity Bio-energy, o pai de Edinho, o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, recebia R$ 200 mil, em cheque, de outra empresa escravista e também com o nome [então] incluído na ‘lista suja’ do trabalho escravo do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), a Cosan, uma das maiores companhias sucroalcooleiras do mundo – e proprietária no país das marcas Esso (rede postos de combustíveis), União (açúcar) e Mobil (lubrificantes).
Incluída na lista escravista do MTE no dia 31 de dezembro de 2009, devido à ocorrência registrada em junho de 2007, na usina Junqueira, em Igarapava, norte paulista, a Cosan teve seu nome retirado na metade de janeiro de 2010, após um mandato de segurança impetrado no Tribunal Regional do Trabalho (TRT) de Brasília, ser acatado pelo juiz do Trabalho Substituto, Raul Gualberto Fernandes Kasper de Amorim, que determinou a retirada imediata do nome da doadora de Lobão da ‘lista suja’, no prazo máximo de três dias, sob pena de multa diária de R$ 50 mil.
Na época da fiscalização que resgatou 42 trabalhadores de condições análogas à de trabalho escravo, o MTE flagrou 13 autos de infração, entre eles, trabalhadores sem registro formal, menores de 18 anos em trabalho pesado, falta de vasilhas para refeições, instalações sanitárias insuficientes, ausência de local adequado para refeições, alojamento sem condições adequadas, chuveiros e roupas de cama insuficientes, além de ausência de água potável no local de trabalho e a existência de uma ligação comercial entre o contratante e o empregado, que impedia que os trabalhadores saíssem do local por estarem sempre em dívida com o contratante, a chamada ‘servidão por dívida’. Apesar de ter conseguido na Justiça a retirada de seu nome da ‘lista suja’ do trabalho escravo, a Cosan teve como consequência imediata o bloqueio de financiamentos públicos por um período de dois anos, incluindo recursos do Banco do Brasil, Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e Caixa Econômica Federal, entre outros, e a suspensão dos contratos com a Wal-Mart.
Além da Cosan, Lobão recebeu ainda doação de R$ 200 mil, por meio de transferência eletrônica, da empresa OAS S/A, atualmente principal financiadora de campanha de Flávio Dino, com o total de R$ 3.110.416,66 (três milhões, cento e dez mil, quatrocentos e dezesseis reais e sessenta e seis centavos) doados para a campanha do comunista ao Palácio dos Leões.
No início da semana, o ATUAL7 revelou que a doadora de campanha de Flávio Dino foi obrigada a fechar um acordo com o Ministério Público do Trabalho (MPT) de São Paulo, em novembro de 2013, em que se comprometeu a regularizar as situações trabalhistas e a pagar indenização de R$ 15 milhões por danos causados pelo uso da mão de obra em condições análogas à escravidão em obras de expansão do aeroporto internacional de São Paulo em Guarulhos. Em força-tarefa do MTE e do MPT, dos 150 operários encontrados nessa situação, 111 eram do Maranhão, Pernambuco, Bahia e Sergipe – inclusive indígenas. Na época da doação para Lobão, porém, a OAS ainda não havia sido flagrada submetendo trabalhadores à situações análogas ao trabalho escravo.